segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pela práxis da contracultura: um ensaio de abertura e boas vindas!

Sempre me perguntaram por que eu, em vez de ficar produzindo conteúdo no Facebook, não criava logo um blog pra falar de Política e de Educação. Na maior parte desse tempo todo, eu realmente não fiz isso por uma questão de auto-crítica. Embora nem sempre isso seja preconizado nas escolas, mas quase sempre conste como "pra bonito" na introdução de muitos Projetos Político-Pedagógicos, consigo compreender que também sou produtora de conhecimento ainda que eu viva em uma sociedade regida por uma cultura dominante.

Quando digo que evitei escrever sobre o assunto por questão de auto-crítica, me refiro ao fato de não desejar ser apenas mais uma reprodutora de clichês. Estes clichês - e aqui os especialistas em língua e discurso poderão explicar melhor - até exemplificam algumas coisas que não participam do entendimento global, todavia, se apontados como única fonte de debate, são insuficientes.

Ainda que eu reconheça e respeite o conhecimento empírico, - aquele, produzido nas ruas, nos bancos de praça - até decidir começar escrever eu sentia necessidade de me "encontrar" no meu campo de atuação, no sentido de que epistemologias dariam o tom do meu trabalho. Se eu me limitasse a aplaudir e discipular uma pseudo vanguarda, estaria jogando pelo ralo minha proposta de ser uma voz de resistência. Então decidi amadurecer melhor a ideia.

O Distrito onde eu moro desde criança, o Monte Alegre, povoa o imaginário social de Camboriú (incluindo os próprios moradores do bairro) como sendo a maior fonte de gastos do município, por que, ah... É lá que está a pobreza! Isto sem mencionar o maior estigma que nós, moradores, temos de enfrentar: o de que somos a localidade produtora de boa parte da criminalidade do município, afinal, a Secretaria de Estado de Segurança Pública vive tendo que publicar notícias como essa, onde se diz que ela instala videomonitoramento na cidade com a maior taxa de homicídios de Santa Catarina.

Percebe-se, logo de cara, que a intenção ou a preocupação não é com o problema da violência em si, - e as suas imbricações - muito menos com a participação do Estado na composição deste problema, mas sim, de mostrar que um dos seus aparelhos está fazendo al-gu-ma coisa pra não dizer que não falou de flores...

Não se trata de tapar o sol com a peneira, tampouco de negar os nossos problemas, mas sim, de saber como abordá-los e desconstruí-los em vez de reforçá-los. Por isso, cansada de lidar com caras e bocas quando eu digo onde moro,  por estar vivendo um talvez processo de emancipação (ao qual eu sou desfavorável!), ou ainda,  de narizes tortos quando eu digo que não concordo com a pena de morte para "vagabundo", resolvi criar este blog no intuito de mostrar que não se diz respeito apenas a isso...


Monte Alegre em 2012.

... Que o Monte Alegre é muito mais. Que aqui, como todo lugar, existem problemáticas, mas também existem produtores de cultura (porque cultura não é ser erudito!) e que eles são, inclusive, aqueles que muita gente, no seu fundamentalismo, gosta de imaginar em um paredão de fuzilamento. Aqui tem gente. Aqui tem vida!

Este blog, meio que um grito de desabafo, é o retrato de um significativo momento de revéses acadêmicos. Pode ser que eu esteja propondo uma práxis de contracultura, aquela que subverte à ordem, à lógica e à cultura dominante. É o que eu busco. Agora se a contracultura é uma "sobra" do modernismo e de tudo o que ele prometeu, mas não cumpriu? Pode ser. Se a contracultura é um marco tênue entre a modernidade e a pós modernidade, pode ser também! É no que eu acredito e também pode ser que eu esteja errada ou até exagerando...

No entanto, essa é a minha voz. Como ser inacabado que sou, ela pode mudar de tom e pode até retroceder epistemologicamente...

... mas jamais se calar!